Homem-Aranha | O início da jornada de um herói nas telonas

Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.

Aproveitando o hype do novo filme da franquia de um dos heróis mais aclamados de todos os tempos, eu — como um grande fã do “Miranha” — me senti na obrigação de falar sobre o primeiro longa metragem que retrata a história de Peter Parker fora dos quadrinhos e nas telonas do cinema. Em 2002, estreava Spider-Man (Homem-Aranha, em tradução livre), sendo uma grande aposta da Marvel em parceria com a Sony, além de um verdadeiro marco no universo cinematográfico de super heróis, pois impulsionou tantas outras franquias que conhecemos a de fato acontecerem. Além disso, também foi o primeiro filme que assisti nos cinemas.

Sem essa obra prima, que foi concebida em 2002, muitos dos filmes de heróis que conhecemos hoje poderiam nunca ter saído do papel, literalmente. Justamente porque, no passado, os filmes desse gênero não davam o retorno desejado como as indústrias cinematográficas esperavam, e nem mesmo chegavam a agradar os fãs na época. No início dos anos 2000, a Fox testou lançar o primeiro longa dos X-Men, mesmo sabendo dos riscos de não ser tão relevante ou marcante naquele tempo. E para a surpresa de todos, o filme gerou bons lucros de bilheteria mundial, além de grande aceitação dos fãs.

A partir daí, a Marvel — juntamente com a Sony — viu uma oportunidade e também resolveu aproveitar, adaptando para as telonas a história de seu principal herói [“O terrível, o mortal, o incrível Homem-Aranhaaaaa!“]. Logo, o resultado não poderia ser diferente: o filme foi um verdadeiro sucesso de bilheteria e também foi super bem recepcionado no mundo todo, recebendo duas indicações ao Oscar (nas categorias de Melhores Efeitos Especiais e Melhor Som). Com isso, as indústrias cinematográficas sentiram cada vez mais confiança em investir em filmes de super heróis.

O filme Homem-Aranha, de 2002, já começa fazendo boas referências às HQs que contam o arco do herói. Nas telas, Peter Parker (Tobey Maguire) também apresenta aquele típico estereótipo de nerd desengonçado, que vive sendo zoado pelos valentões do colégio, tendo apenas o ricaço Harry Osborn (James Franco) como amigo. E como todo bom clichê que se preze, é mega apaixonado pela menina mais popular desde o primário, Mary Jane Watson (Kirsten Dunst), que nem dá bola pra ele. Mas o rapaz logo tem a sua vida transformada após ser picado por uma aranha geneticamente modificada.

Nesse início do longa, já podemos notar alguns detalhes da vida de Peter, que mora com os tios que estão enfrentando dificuldades financeiras após seu tio Ben (Cliff Robertson) perder o emprego para os tempos modernos. Logo, as mudanças no corpo de Peter e suas habilidades aracnídeas começam a surgir e a se desenvolver na medida em que o mesmo ocorre com o vilão Norman Osborn/Duende Verde (Willem Dafoe). A propósito, vale enaltecer a atuação sinistra de Dafoe nessa obra. É incrível perceber o quão insano e manipulador esse vilão consegue ser através da interpretação magistral desse ator que é um verdadeiro gênio.

No decorrer da trama, Peter Parker só se transforma de fato em Homem-Aranha quando a clássica frase de tio Ben [“Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades!“] é posta à prova. Dito isto, fica visível a carga que o personagem carrega com a morte do tio e com a família sem dinheiro, somando com a árdua escolha entre ser um homem esforçado — com seus objetivos de estudante recém saído do colegial em busca de um emprego — e ser um herói da vizinhança disposto a salvar toda uma população.

Podemos encarar o Homem-Aranha como um alter ego de Peter Parker, do qual ele utiliza também para explorar aspectos sociais e, claro, sobre-humanos — algo que jamais poderia fazer na pele de um garoto comum. É justamente como Homem-Aranha que Peter dá vazão a um senso de humor sarcástico e divertido, explorando também a sua força física e habilidades aracnídeas. Há momentos em que ele até se aproveita de sua identidade secreta de herói para ganhar uma grana vendendo fotos de si mesmo para o Clarim Diário, onde trabalha como fotógrafo freelancer.

Agora, imagina você ter que usar uma máscara e sacrificar suas próprias escolhas, ou mesmo o amor da sua vida, para se tornar aquilo que precisam que você seja? Principalmente para não colocar a vida de ninguém que você ama em risco. O pior é sentir que falhou — quase que tragicamente — depois de Norman Osborn/Duende Verde ligar os pontos e descobrir que Peter Parker é o próprio Homem-Aranha, afetando ainda mais a vida do herói.

Após tantas provações acontecerem ao densenrolar da trama, é praticamente impossível não se identificar com o herói e sua jornada. E a lição que fica é aquela já dita nas palavras de tio Ben, mas agora com um peso ainda maior: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Essa é a minha dádiva e a minha maldição”. Assim, podemos refletir sobre o impacto que essa frase causa em nossas vidas, num mundo real, onde também temos nossas próprias responsabilidades, onde também precisamos fazer sacrifícios e escolhas, onde também podemos tirar grandes lições para nos tornarmos pessoas melhores e que inspiram os outros. No fim das contas, todo mundo carrega um herói dentro de si.

E como todo filme, é claro que Homem-Aranha tem seus erros, mas nada que interfira no desenvolvimento da obra no geral. Outro ponto que vale destacar é a direção de Sam Raimi — que mesmo sendo mais conhecido por filmes de horror/trash e suspense, sendo um deles o clássico The Evil Dead (conhecido no Brasil como Uma Noite Alucinante – A Morte do Demônio, de 1981), conseguiu usar muito bem esses elementos na trilogia do cabeça-de-teia, especialmente na construção dos vilões da saga. Ele também será o diretor de Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura, que tem estreia prevista para 2022.

No mais, o longa de 2002 possui vários motivos para ser considerado um dos melhores filmes de seu gênero, com elementos técnicos bem alinhados e trabalhados em tela (direção de arte, fotografia, roteiro, figurino…), sem falar da interpretação impecável de um elenco sensacional, algo que toda produção cinematográfica à nível Marvel precisa ter quando se tem Stan Lee como produtor executivo.

E falando em Stan Lee, ele é o criador e o verdadeiro responsável pelo sucesso do Homem-Aranha. Foi ele quem acreditou que seria possível existir um herói aracnídeo (ainda que a maioria das pessoas não gostem de aranhas) que carregasse os típicos problemas pessoais de um adolescente. Na época, quando Lee mostrou essas ideias para seu editor, ouviu da boca dele que essa era a “pior ideia que já tinha visto”. Mesmo assim, Stan ficou com o Spider-Man na cabeça e decidiu apostar nele, estampando o “cabeça-de-teia” na capa Amazing Fantasy, em agosto de 1962. Porém, as vendas da HQ estavam muito ruins naquele tempo. A edição só conseguiu emplacar após um mês de seu lançamento, tendo um aumento considerável de vendas dali em diante, dando início à gloriosa jornada do herói.

Por fim, vale dizer que os caminhos do MCU em explorar o multiverso estão cada vez mais presentes. Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (que estreia no dia 16 desse mês, no Brasil) já está fazendo história desde o primeiro trailer até as pré-vendas de ingressos. A próxima trama do herói, vivido na nova franquia por Tom Holland, conta com um elenco de vilões das duas primeiras gerações. Imagina só a overdose de nostalgia ao ver, após 19 anos, o primeiro vilão clássico da saga sendo interpretado novamente pelo glorioso Willem Dafoe… chega a dar um frio na espinha, não? E a sensação de ver ninguém mais, ninguém menos que Alfred Molina como Doutor Octopus com aqueles tentáculos colossais? Ou seja, um prato cheio de saudosismo aos fãs da 1ª geração, assim como eu. Mais fan service do que isso, só trazendo Tobey Maguire e Andrew Garfield na pele do “Miranha”. Inclusive, ouso dizer que a possível aparição deles será tão épica quanto a cena do Capitão América segurando o Mjolnir em Vingadores Ultimato.

Por Guilherme Lobo

Homem-Aranha
12 2002
Ação, Fantasia

Sinopse

Peter Parker (Tobey Maguire) é um jovem estudioso que vive com seus tios, Ben (Cliff Robertson) e May (Rosemary Harris), desde que seus pais faleceram. Peter tem dificuldade em se relacionar com seus colegas, por ser tímido e por eles o considerarem um nerd. Até que, em uma demonstração científica, um acidente inesperado faz com que uma aranha geneticamente modificada pique o rapaz. A partir de então, seu corpo é quimicamente alterado pela picada e ele passa a ter superpoderes.
Diretor: Sam Raimi
Roteiro: David Koepp

Elenco principal

  1. Tobey Maguire

    Tobey Maguire

    Peter Parker / Spider-Man

  2. Willem Dafoe

    Willem Dafoe

    Norman Osborn / Green Goblin

  3. Kirsten Dunst

    Kirsten Dunst

    Mary Jane Watson

  4. James Franco

    James Franco

    Harry Osborn

  5. Rosemary Harris

    Rosemary Harris

    May Parker

  6. J.K. Simmons

    J.K. Simmons

    J. Jonah Jameson

  7. Cliff Robertson

    Cliff Robertson

    Ben Parker

  8. Gerry Becker

    Gerry Becker

    Maximilian Fargas

  9. Bill Nunn

    Bill Nunn

    Joseph 'Robbie' Robertson

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Onde assistir

3 COMENTÁRIOS

  1. A trilha sonora foi algo muito marcante. Podendo citar a colab de Chad Kroeger e Josey Scott em Hero (que música!).

  2. Guilherme tem história de homem aranha desde o berço. Aliás, desde que saímos do cinema rumo ao supermercado quando ele tentou pular do carrinho de compras, achando ser o próprio spider. Foi aquele desespero 😫, aquele chororô😣. Corri pro pronto socorro com ele fantasiado de arainha (tinha uns 4 anos) e o queixo sangrando. De lá pra cá já me fez assistir o primeiro filme umas 397 vezes😳😅, e em todas a gente lembra do acidente do carrinho ao chão.😆. Contudo, não deixou de dar grandes saltos, na imaginação. 🥰. Te amo filho, adorei a memória afetiva embutida no texto, que tá muito bom!

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