Placebo e seu álbum de covers: 18 anos bem vividos

O álbum teve sua versão em LP lançada em setembro de 2003.

Placebo e seu álbum de covers: 18 anos bem vividos

O álbum teve sua versão em LP lançada em setembro de 2003.

*As capas de cada faixa mencionada são de singles originais ou de seus respectivos álbuns.

Em 2021, o álbum de covers da banda Placebo comemorou a maioridade. Para celebrar isso (meio atrasado, mas antes tarde do que mais tarde), preparei uma lista track by track (oooh, baby!) desse álbum que gerou controvérsias. Tá, teve todo aquele rolo de que começou em 94 e seria um álbum bônus junto da edição especial de Sleeping With Ghosts, mas sua versão digital teve uma atrasada monstra e foi liberada geral somente em 2007. A verdade é que o álbum é deliciosíssimo, cheio de versões belíssimas na voz de Brian Molko.

Dito isso, vamos lá!

O álbum inicia com Running Up That Hill, originalmente gravada pela diva Kate Bush em 1985 (com uma batida mais dançante, claro). Aqui a banda transforma com seu estilo de teclado leve e batidas ritmadas para algo mais reflexivo. A letra fala sobre uma troca de corpos, como uma mudança de gêneros para meio que “destravar uma batalha entre os sexos”.

Destaco o trecho que mais me deixa pensativa:

Há relâmpagos em nossos corações. Tanta raiva para aqueles que nós amamos? Me diga, nós dois importamos, não importamos?

Uuh, fico reflitona.

Seguida por Where is My Mind?, do Pixies, que infelizmente (ou felizmente?) ficou mais conhecida como “a música do final de Clube da Luta” e tantas outras obras — como propagandas, músicas, etc. -, traz uma versão bem fiel à original, somente diferenciada pela voz icônica do Molko e um backing vocal bem massivo, que já me deixa bem intrigada.

Destaco o seguinte trecho:

Eu estava nadando no Caribe. Animais estavam se escondendo atrás das rochas, exceto o peixinho. Mas eles me disseram, ele jura. Tentando falar comigo, koi koi.

Fofo e viajante.

Aqui temos a grande Bigmouth Strikes Again, uma das minhas favoritas de The Smiths. Não pela letra da canção, mas pela batida — até porque a música fala de uma relação bem abusiva em tom nada legal. Nesse cover, a batida fica um pouquinho mais agitada, mas eu não curti a voz do Brian, pareceu um pouco desconexa. Porém, os arranjos estão ótimos.

Destaco o único trecho que não me deixa aflita:

E eu não tenho certeza pra tomar meu lugar na raça humana.

É.

A próxima faixa do disco, Johnny and Mary, foi escrita e gravada originalmente por Robert Palmer para o álbum Clues, lançado em 1980. Aqui na versão do Placebo, some parte da batida bem oitentista (que eu amo) da música original e vem um rock misturado com pop punk, que eu também gosto. Porém, ainda prefiro a versão original.

Destaco um trechinho que eu acho bem honesto:

Johnny diz que ele está disposto a aprender quando ele decide que é um tolo.

Sensato.

Depois vem 20th Century Boy, do T. Rex, que foi gravada originalmente para a trilha sonora do filme musical Velvet Goldmine. Particularmente não vi nenhuma diferença, o que não me chateia porque as duas versões são muito boas, mas não me surpreende.

Destaco o trecho beeeem século XX:

Bem, é claro que você foi feito pra mim. Sou seu garoto, seu brinquedo do século 20.

Tasty! 😛

A seguir, temos The Ballad of Melody Nelson, originalmente gravada em 1971 pelo saudoso Serge Gainsbourg, que fez um álbum conceitual todo dedicado a contar a história de Melody Nelson (hehe). A canção original é fantástica, imersiva e muito dedicada ao que se propõe: conquistar o ouvinte. Já a versão do Placebo, também com a introdução em francês, vem com uma roupagem mais alternativa, com vocais combinados e uma pegada mais atual (mostrando que bebeu bastante da fonte de Serge, aliás). Resumindo, eu gostei bastante.

Destaco um trecho bem melancólico:

Ela não tem nada além do amor. Pobre Melody Nelson.

Oh, minha querida Melody Nelson!

Chegamos na sétima faixa do álbum, Holocaust, cover de Big Star, banda estadunidense dos anos 70 que não ficou tão conhecida assim, mas teve tantas músicas boas quanto os Beatles e Led Zeppelin. Nela, Placebo mantém o tom melancólico e lento da original, que tem uma mensagem forte sobre abandono e depressão.

Destaco um trecho que fez essa música entrar na minha playlist de bad:

Todo mundo vai deixando aqueles que ficam para trás. Todo mundo vai o mais longe que pode. Eles realmente não se importam.

Pesadíssimo!

E aqui vai a minha favorita do disco: I feel you, cover de Depeche Mode (tão difícil pra fã de Depeche Mode não escolher a música da banda, tsc tsc). Aqui eles mantêm o tom único e intimista da faixa original [uma pena que os vocais não chegam aos pés de Dave Gahan, acho que seria impossível até… mas a reprodução é boa, bem energizante].

Destaco o meu trecho favorito:

Eu entendo você, sua preciosa alma. Estou inteiro. Eu entendo você, seu sol nascente. Meu reino vem.

Poderosa demais!

Na sequência, temos a versão de Daddy Cool, da realeza Boney M., que consagrou mundialmente a canção original na década de 70. Os vocais iniciais apresentados na faixa são originais, e eu gostei também porque as vozes são icônicas, não tem como negar. A mistura da voz de Brian com o vocal de apoio traz uma salada de sensações, além da batida mais “rocker”. A base é tão potente que se mantém também, ou seja, achei satisfatório.

Destacando aqui essa parte que é curta, mas famosíssima:

Ela é louca pelo seu ‘daddy’.

Noice, haha!

O disco finaliza com a décima faixa Jackie, originalmente gravada na voz poderosíssima de Sinéad O’Connor. Essa música também é bem potente, pois trata de temas como perda, luto e saúde mental. Há algo profundo que não consigo explicar, somente sentir, pois me lembra bastante de En el Muelle de San Blas (do Maná) e ambas são perfeitas! Novamente, Placebo mantém a aura soturna da canção original, com o vocal sucinto de Molko. A diferença entre a versão cover e a original aparece no início e perto do fim da faixa, onde a banda adiciona um som de mar com um teclado por cima que, aliás, é bem legal de ouvir.

Destaco o trecho que mais me impactou:

E eu estive esperando todo esse tempo para meu homem vir, pôr sua mão na minha e me levar afora para costas não navegadas.

Quem nunca, não é mesmo? 😀

O álbum todo foi gravado para, como eu disse, complementar outra obra deles. Mas, por si só, acabou se tornando um grande clássico da banda, aquele “ame ou odeie”.

A verdade é que, quem é muito fã da banda tem o vinil ou CD (com certeza!), e deixa esse álbum nos favoritos ou inclui nas playlists. Até porque é uma obra que dá, sim, para revisitar sempre que possível, pois firma a marca do Placebo como grandes produtores do bom e velho rock alternativo/dark e melancólico.

Placebo

Álbum

Covers

Lançamento

22 de setembro de 2003

Integrantes

Brian Molko (vocal, guitarra, baixo, teclado); Stefan Olsdal (baixo, teclado, guitarra, backing vocal); Steve Hewitt (bateria).

Faixas

1. Running Up That Hill – 4:57
2. Where is My Mind? – 3:44
3. Bigmouth Strikes Again – 3:54
4. Johnny and Mary – 3:25
5. 20th Century Boy – 4:39
6. The Ballad of Melody Nelson – 3:58
7. Holocaust – 4:27
8. I Feel You – 6:26
9. Daddy Cool – 3:21
10. Jackie – 2:48

Um álbum cativante e soturno, que mistura a identidade da banda com a de seus homenageados. Curti muito❣️
Hannah Rodrigues
Comunicóloga, fã de Tarantino e Aronofsky, meio fissurada por New Wave, degustadora de café e louca pelo Guts. Bad Influencer e membro do Clube dos Minigameiros, numismata e colecionadora de vinis. She is the danger que anda pelo incerto idolatrando a dúvida desde sempre.

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