Stranger in This Town | 30 anos do emblemático disco de Richie Sambora

Primeiro disco solo do músico foi lançado no dia 3 de setembro de 1991.

Stranger in This Town | 30 anos do emblemático disco de Richie Sambora

Primeiro disco solo do músico foi lançado no dia 3 de setembro de 1991.

Por ser uma fã irreverente de Bon Jovi desde que eu me entendo por gente, há algum tempo resolvi (re)escutar a discografia da banda. Considerada uma das bandas de rock mais rentáveis da década de 80, o grupo lançou discos de grande sucesso comercial como Slippery When Wet (1986) e New Jersey (1988). Ambos alcançaram uma vendagem de, aproximadamente, 35 milhões de cópias no mundo inteiro.

Com uma carreira mega consolidada já no final dos anos 80, a banda optou por pausar suas atividades em 1990, para que os integrantes pudessem recarregar as baterias e trabalhar em outros projetos. E foi durante esse hiato de 17 meses que nasceu a obra prima do guitarrista Richie Sambora: Stranger in This Town.

Enquanto o vocalista Jon Bon Jovi lançava o álbum Blaze of Glory (trilha sonora do filme Jovens Demais para Morrer, de 1990), Sambora resolveu explorar suas influências e raízes musicais. O primeiro projeto solo do músico foi lançado no dia 3 de setembro de 1991, e hoje está completando 30 anos desde a sua concepção.

A propósito, preciso contar como foi que eu descobri essa perfeição em forma de disco: um belo dia, enquanto viajava em uma playlist que criei no Spotify, simplesmente percebi que nunca havia parado para ouvir os projetos solo de Jon Bon Jovi e Richie Sambora. Como estava ansiando desesperadamente por algo relativamente “novo”, dei aquela lapidada marota na discografia de ambos.

Depois de ouvir os álbuns do meu querido e amado Jon, foquei totalmente na carreira do enigmático Richie. E para a minha surpresa, meus ouvidos foram instantaneamente agraciados com Stranger in This Town, que logo entraria para o meu Top 10 de discos favoritos [criei um amor imensurável por esse álbum, sério… virou meu grande xodó! Hehehe].

Fazendo uma breve menção aqui, Blaze of Glory também não deixa de ser uma belíssima obra que merece todo reconhecimento. Composto e interpretado pelo nosso “galã do rock”, o disco traz a faixa homônima que se tornou um dos hits mais memoráveis na voz de Jon Bon Jovi. Apesar de ter sido lançada como um hit da carreira solo de Jon, a canção faz parte da setlist de shows e compilações lançadas pela banda, devido ao seu sucesso arrebatador [prometo destrinchar essa maravilha pra vocês em um outro post, podexá!].

Bom, voltando ao verdadeiro protagonista dessa edição do K7… Richie conseguiu superar todas as minhas expectativas enquanto consumidora ilícita de tudo o que envolve a esfera do rock dos anos 80 e 90. Em Stranger in This Town, Sambora se deixou guiar pelas próprias referências musicais — bem diferentes daquelas adotadas pelo grupo que o consagrou -, criando uma harmonia singular entre o Texas blues, influenciado pelas guitarras e com Steve Ray Vaughan entre seus maiores representantes na década de 1980, e o pop/hard rock. Cada faixa do disco mostra que é possível, sim, ser radiofônico com qualidade.

Para gravar o álbum, Sambora contou com a ajuda de dois colegas de trabalho: o baterista Tico Torres, que conseguiu explorar mais elementos de percussão no projeto do parceiro de banda, e David Bryan, tecladista do Bon Jovi. Quem completou a formação que tocou em quase todo o disco foi o lendário baixista Tony Levin, conhecido por seu trabalho com a banda inglesa King Crimson.

A primeira faixa Rest in Peace, de quase quatro minutos, apresenta uma atmosfera levemente soturna com o vocal de Sambora, além do instrumental minuciosamente bem executado. Na introdução, já sentimos o peso dos primeiros acordes da guitarra enquanto Richie cantarola os versos da canção — que traz uma pegada bem minimalista, da qual lembra muito a trilha sonora do filme Thelma & Louise, também de 1991, composta pelo maestro Hans Zimmer [a propósito, vale a pena conferir!].

A intro de Church of Desire se inicia como um gancho da primeira. É um rock melódico de pegada, que destaca Sambora tanto em seus vocais quanto nos timbres de sua guitarra Stratocaster.

Já a faixa homônima do disco, Stranger in This Town, surge com uma batida mais melancólica — característica do blues rock de origem texana praticado na época -, entretanto, com uma abordagem radiofônica que somente um músico do Bon Jovi poderia desenvolver.

O single de maior repercussão do álbum foi Ballad of Youth, porém, sem muita extravagância comercial. A música, por sua vez, apresenta uma letra consciente e uma grande performance vocal de Sambora.

Na sequência, nos deparamos com a belíssima One Light Burning. Com uma batida lenta e extremamente envolvente, a canção é um verdadeiro deleite para os ouvidos de qualquer mortal apaixonado. É uma balada pra lá de linda, digna de trilha sonora de romances da vida real [é a minha favorita do álbum, sempre coloco em modo repeat quando escuto].

A próxima faixa do disco, Mr. Bluesman, não é tão blues quanto o título sugere. No entanto, conta com a participação de Eric Clapton, além da ótima execução de Tico Torres na bateria [é super gostosinha de ouvir, ainda mais se estiver na estrada, dirigindo sozinho em um belíssimo dia nublado hehehe].

Já a canção Rosie foi composta para o multiplatinado New Jersey, do Bon Jovi, mas não entrou na tracklist final do aclamadíssimo álbum de 1988. O motivo? Ninguém sabe, só os integrantes da banda. De qualquer forma, não deixa de ser uma música boa, com uma batida enérgica e um refrão super chiclete [capaz de grudar na mente por horas a fio].

Mantendo o clima de hard rock, River of Love vem logo em seguida, porém, apresentando uma pegada mais tradicional que a faixa anterior.

E para fechar o disco com chave de ouro (e bota ouro nisso!), Sambora encerra com Father Time e The Answer, duas baladas lindíssimas que destacam a potência vocal e os cuidados do músico no processo de construção — tanto de harmonia como de composição — do seu primeiro projeto em carreira solo.

Apesar de ser considerado sensacional, Stranger in This Town não alcançou o sucesso de vendas merecido. Porém, tornou-se um trabalho de admiração cult entre os fãs de Bon Jovi e apaixonados por blues rock. Uma versão ao vivo foi lançada em San Diego no mesmo ano, intitulada The Stranger Returns.

Richie Sambora em foto promocional do disco — Foto: © Reprodução/PolyGram Records

Para alguém que não tinha a mínima pretensão de produzir um disco comercial, o álbum de Richie Sambora atingiu marcas interessantes em termos comerciais, chegando às posições de número 20, 36 e 42 nas paradas de países como os EUA, Reino Unido e Canadá. Somente um dos singles, Ballad of Youth, entrou no ranking da Billboard Hot 100 — alcançando a 63ª posição.

Por fim, Stranger in This Town causou um grande impacto em meus ouvidos. Devorei essa obra como se fosse uma deliciosa caixa dos mais refinados bombons [daqueles que você degusta bem devagar, querendo que nunca chegue ao fim devido à sensação de prazer que aquilo te causa]. Digo sempre que “foi amor à primeira ouvida”.

Richie Sambora

Álbum

Stranger in This Town

Lançamento

3 de setembro de 1991

Integrantes

Richie Sambora (vocal, guitarra, violão); Tony Levin (baixo, Chapman stick); David Bryan (teclados); Tico Torres (bateria, percussão).

Faixas

1. Rest in Peace – 3:53
2. Church of Desire – 6:07
3. Stranger in This Town – 6:15
4. Ballad of Youth – 3:52
5. One Light Burning – 5:47
6. Mr. Bluesman – 5:14
7. Rosie – 4:50
8. River of Love – 5:06
9. Father Time – 6:06
10. The Answer – 5:07
11. The Wind Cries Mary – 6:00 (Faixa bônus do Expanded Edition)

Minha maior descoberta de 2021 até aqui... louvado seja Richie! 🙌
Narel Desireehttps://linktr.ee/nareldesiree
Jornalista com ascendente em audiovisual e lua em fotografia. Nerd convicta, é aficionada pela cultura geek dos anos 80 e 90 desde que se entende por gente. Apaixonada por filmes, séries e livros de true crime, suspense e terror psicológico, em especial, do subgênero slasher. Fangirl de Cazuza e Pink Floyd, é meio bossa nova e rock ‘n’ roll. Nas horas vagas, gosta de criar playlists no Spotify e assistir às novelas antigas da Globo. Adora cerveja importada, discos de vinil e jogos de tabuleiro. É membro e CEO founder do Sessão das Dez.

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