Slippery When Wet | A galinha dos ovos de ouro do Bon Jovi

Álbum que consagrou a banda no cenário do hard rock completa 35 anos.

Slippery When Wet | A galinha dos ovos de ouro do Bon Jovi

Álbum que consagrou a banda no cenário do hard rock completa 35 anos.

Em meados de 1986, especificamente no dia 18 de agosto, surgia um dos discos mais vendidos da história do rock — e também o grande responsável pela ascensão de uma das bandas mais aclamadas atualmente. Slippery When Wet é o terceiro álbum de estúdio da banda americana Bon Jovi, que sucedeu dois álbuns sem muito sucesso comercial — Bon Jovi, homônimo de 1984, e 7800° Fahrenheit, de 1985.

Slippery, por sua vez, alcançou o status supremo e se transformou na “galinha dos ovos de ouro” da banda que, até aquele presente momento, só era conhecida por causa de Runaway (single lançado no primeiro álbum), que havia entrado nas paradas americanas em 1984. Fora isso, o grupo jamais havia lançado um hit de sucesso e, portanto, não fazia parte do primeiro escalão da música americana, sendo jogado para a segunda divisão até 1986.

Para alcançar o tão sonhado sucesso e reconhecimento do público, a banda precisou mudar drasticamente sua maneira de pensar e fazer música. Seguindo o conselho de Gene Simmons (vocalista e fundador do KISS), o primeiro passo do Bon Jovi foi contratar um compositor profissional que agregasse ao grupo, e o escolhido foi Desmond Child — um hitmaker que já havia trabalhado com Bonnie Tyler, Cher e KISS.

A parceria com Child rendeu 30 músicas que foram testadas em apresentações locais para adolescentes de Nova Jersey e Nova York, a fim de avaliar a receptividade do público e trabalhar somente as mais bem aceitas (inclusive, a ordem das faixas no disco foi baseada nas opiniões dos jovens). Por fim, a banda selecionou 10 canções e, finalmente, deu início às gravações do projeto — que logo alcançaria o topo das paradas da Billboard com dois hits consagrados.

Para a produção de Slippery foi contratado Bruce Fairbain, que havia impressionado o vocalista Jon em trabalhos anteriores. A partir daí, cada membro do Bon Jovi passou a se dedicar mais em seu respectivo instrumento. A dupla criativa da banda, Jon Bon Jovi e Richie Sambora, leva o mérito por grande parte das composições do projeto. Porém, as canções de maior sucesso do álbum tiveram a parceria de Child, sendo elas: You Give Love a Bad Name, Livin’ on a Prayer, Without Love e I’d Die For You. Somente a música Wanted Dead or Alive não teve o toque mágico de Desmond.

Vale mencionar que o título do projeto “Slippery When Wet” (em português, “escorregadio quando molhado”) foi inspirado nas strippers de um clube frequentado pelo grupo no Canadá. Inclusive, a primeira capa do disco era ilustrada por uma mulher com a camiseta molhada, na qual era possível ler o título do álbum. No entanto, a imagem foi vetada pela gravadora na maioria dos países, sendo comercializada somente no Japão, e logo foi substituída por uma imagem mais séria e minimalista de um vidro molhado com o respectivo título estampado.

Após o lançamento do álbum, Bon Jovi tornou-se a primeira banda de hard rock a ter dois singles consecutivos no primeiro lugar das paradas Hot 100 da Billboard (“You Give Love a Bad Name” e “Livin’ on a Prayer”). A essa altura do campeonato, o grupo estava abrindo shows de bandas como KISS e Scorpions.

Jon Bon Jovi (à esquerda) e o fotógrafo Mark Weiss posando para foto promocional do disco – Foto: © Reprodução/Internet

Agora, vamos falar das faixas de Slippery When Wet. O disco abre com a canção Let it Rock, que já começa com uma intro recheada pelo solo da guitarra de Richie Sambora, amparada pelo som fervilhante dos teclados e hammonds de David Bryan. O instrumental dura aproximadamente um minuto até a entrada do restante dos instrumentos e vocais. A primeira faixa do álbum gera um clima perfeito para o que viria a seguir: um rock energético e contagiante, que viria a ser o primeiro single de sucesso da banda.

A faixa seguinte, You Give Love a Bad Name, foi concebida para ser um hit com todos os clichês possíveis. Uma excelente composição de Desmond Child, que teria criado a canção originalmente para Bonnie Tyler (convenhamos, fica um pouco difícil imaginar esse hit na voz da cantora de Total Eclipse of the Heart, não é mesmo?). Porém, a música logo foi retrabalhada para o grupo, ganhando uma entrada apoteótica e um riff de guitarra poderoso, que acertaria em cheio o coração do público e daria ao Bon Jovi uma excelente reputação [quem entendeu o trocadilho, meus parabéns! Hehehehe].

A terceira faixa do disco também se transformaria em um dos maiores hits de todos os tempos: Livin’ on a Prayer. Um detalhe interessante é que Jon não queria que a música entrasse no álbum, mas Sambora insistiu para que a faixa fosse incluída na tracklist definitiva, fazendo alterações nos arranjos da canção — utilizando, inclusive, efeitos do talk box (abençoado seja Richie!). A faixa começa mais lenta e vai crescendo gradualmente até estourar no refrão, sendo impossível não cantar e se esgoelar junto [duvido se você não está aí do outro lado cantarolando: “Whoa, we’re half way there… Whoa-oh, livin’ on a prayer… Take my hand, we’ll make it I swear… Whoa-oh, livin’ on a prayer“, hahahaha].

Em sequência, a canção Social Dicease é completamente calcada no riff de guitarra de Sambora, que merece aplausos pela performance na faixa. Quanto à letra, Jon compara o amor a uma doença social. Numa primeira ouvida, a música pode soar meio tola, porém, não deixa de ser contagiante.

Em seguida, nos deparamos com a emblemática Wanted Dead or Alive, composta pela dupla Jon e Richie. Com uma pegada bem faroeste, a canção mostra a banda enveredando por novos caminhos e extravasando sua veia country. Sambora também se destacou nessa faixa, trabalhando harmoniosamente violões de 6 e 12 cordas com a guitarra elétrica. O hit alcançou a sétima posição na Billboard Hot 100 e a 13ª no Mainstream Rock Tracks, e até hoje, faz parte da setlist de músicas obrigatórias em todos os shows do grupo.

A música que abre o lado B do disco é a energética Rayse Your Hands, talvez a mais pesada do álbum. A faixa apresenta um riff vigoroso de Sambora e os vocais rasgados de Jon, além de um belo trabalho de vocais durante o coro que surge no ápice do refrão.

Without Love, por sua vez, apresenta uma batida mais pop, contrastando com o restante do disco. Eu diria que não é tão memorável — se comparada com os outros hits de sucesso do álbum -, mas tem lá o seu charme.

A faixa a seguir é mais um hit ovacionado pelo público: I’d Die for You. A música apresenta uma pegada visceral de hard rock com um pezinho no AOR, principalmente pelo timbre utilizado por David nos teclados, lembrando até as canções do Journey.

A penúltima faixa do disco é a belíssima Never Say Goodbye, uma canção lenta e excessivamente passional (como toda boa balada de hard rock que se preze). O hit foi essencial para tornar o grupo conhecido fora da esfera do rock. A música ainda fez parte da trilha sonora da novela Mandala, de 1987, folhetim global do horário nobre.

E pra fechar o álbum, Wild in the Streets. A faixa apresenta uma pegada mais alegre, com influência de AOR. Vale destacar o bom trabalho de Tico Torres na batera.

Encarte do álbum contendo as faixas + ficha técnica – Foto: © Reprodução/Internet

Após seu lançamento, Slippery When Wet estourou mundialmente, alcançando o primeiro lugar em vários países. Com o respectivo sucesso do álbum, o grupo passou a ser aclamado e logo virou patrimônio americano, com incessantes turnês e videoclipes passando direto na MTV que, consequentemente, transformaram seu vocalista no maior galã do cenário musical. Até hoje, a banda segue conquistando uma legião de fãs apaixonados, sendo considerada uma das maiores bandas de hard rock do planeta.

O disco vendeu 28 milhões de cópias no mundo todo e está entre os 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. Também foi incluso no livro 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer, lançado em 2006.

O álbum seguinte, New Jersey, de 1988, também é recheado de hits consagrados da banda, com músicas contagiantes e baladas lindas… mas eu sou suspeita pra falar. Contudo, o projeto serviu para consolidar ainda mais a popularidade do grupo. Mas isso já é assunto para outro post.

Bon Jovi

Álbum

Slippery When Wet

Lançamento

18 de agosto de 1986

Integrantes

Jon Bon Jovi (vocal principal, guitarra); Richie Sambora (guitarra principal, vocal de apoio); David Bryan (teclado, vocal de apoio); Alec John Such (baixo, vocal de apoio); Tico Torres (bateria).

Faixas

1. Let It Rock – 5:25
2. You Give Love a Bad Name – 3:44
3. Livin’ on a Prayer – 4:09
4. Social Disease – 4:18
5. Wanted Dead or Alive – 5:08
6. Raise Your Hands – 4:16
7. Without Love – 3:30
8. I’d Die for You – 4:30
9. Never Say Goodbye – 4:48
10. Wild in the Streets – 3:54

Special Edition Bonus CD
1. Wanted Dead or Alive (Ao vivo/Wembley 1995)
2. Livin’ on a Prayer (Ao vivo/EUA 1987)
3. You Give Love a Bad Name (Ao vivo/USA 1987)
4. Wild in the Streets (Ao vivo/Wembley 1995)
5. Borderline (Studio Outtake)
6. Edge of a Broken Heart (Studio Outtake)
7. Never Say Goodbye (Versão acústica ao vivo)

Essa obra prima merece ser brindada com uma boa cerveja! 🍻
Narel Desireehttps://linktr.ee/nareldesiree
Jornalista com ascendente em audiovisual e lua em fotografia. Nerd convicta, é aficionada pela cultura geek dos anos 80 e 90 desde que se entende por gente. Apaixonada por filmes, séries e livros de true crime, suspense e terror psicológico, em especial, do subgênero slasher. Fangirl de Cazuza e Pink Floyd, é meio bossa nova e rock ‘n’ roll. Nas horas vagas, gosta de criar playlists no Spotify e assistir às novelas antigas da Globo. Adora cerveja importada, discos de vinil e jogos de tabuleiro. É membro e CEO founder do Sessão das Dez.

2 COMENTÁRIOS

  1. Que trabalho fantástico de pesquisa e o texto também, maravilhoso! Severas vezes me peguei cantando mentalmente Livin’ on a Prayer. Bon Jovi é um galã mesmo, e com uma voz potente demais.
    Parabéns pelo trabalho!!!

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