The Velvet Underground & Nico | Meio século de um dos pilares do Rock’n’roll

Em 12 de março de 1967, a banda lançava seu primeiro disco, produzido pelo pintor e cineasta americano Andy Warhol, responsável pelo movimento de Pop Art.

The Velvet Underground & Nico | Meio século de um dos pilares do Rock’n’roll

Em 12 de março de 1967, a banda lançava seu primeiro disco, produzido pelo pintor e cineasta americano Andy Warhol, responsável pelo movimento de Pop Art.

O ano de 1967 foi, para muitos, o melhor ano para a música. Os Beatles lançavam seu maravilhoso Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, enquanto o Pink Floyd também lançava seu primeiro (e excelente!) álbum The Piper at the Gates of Dawn. Quem também aparecia nesse ano era o grande guitarrista Jimi Hendrix, com seu primeiro disco Are You Experienced. Porém, o que poucos sabem é que no mesmo ano, logo depois de alguns meses, Hendrix lançava — na minha humilde opinião, o melhor disco de sua carreira — Axis: Bold as Love. Já no Brasil, o maestro Tom Jobim lançava sua obra mais sublime: Wave.

Não obstante, algumas bandas estavam lançando ou sua maior obra prima, ou seu primeiro disco naquele ano tão marcante, musicalmente falando. É ai que chegamos no primeiro álbum do Velvet Underground, o The Velvet Underground & Nico, que foi lançado no dia 12 de março de 1967, produzido pelo grande Andy Warhol que além de produtor, foi um grande amigo do vocalista Lou Reed. O disco trouxe um lado de uma Nova York que as pessoas não queriam enxergar, como a prostituição, o uso desenfreado de drogas, o suicídio, e até mesmo o sadomasoquismo.

Formado por Lou Reed (vocal e guitarra), John Cale (guitarra, piano e celesta), Sterling Morrison (guitarra, contra-baixo e vocais de apoio), Maureen Tucker (percussão) e Nico (também nos vocais). Assim, a trupe estava completa para lançar a obra mais controversa e aclamada do The Velvet Underground.

Aqui, vou fazer um outro track by track [oooh, baby!] dessa obra que atualmente ocupa a 13ª posição da lista de Melhores Discos de Todos os Tempos da Rolling Stone.

O disco abre com a calma Sunday Morning, onde o vocal de início ficaria com a Nico. Porém, sem pensar duas vezes, Lou Reed — que não ia muito com a cara da moça — decidiu gravar. Um belo começo para o restante do álbum que, vai por mim, mudaria muito até o final [Sunday Morning fala sobre o sossego duma manhã de domingo… opa!].

Na sequência, temos a energizante I’m Waiting for the Man, que fala sobre um homem que está atrás de seu traficante de drogas. Na letra, o sujeito — quase desesperado — está à procura não só do dealer, mas de alguém que milagrosamente possa fornecer sua “bendita” droga. A música faz uma análise crua do vício que destrói outros pensamentos que não sejam o próprio vício.

A próxima canção é a balada Femme Fatale, com a voz belíssima de Nico, que incorpora uma mulher em direção à sua próxima vítima [como uma bela mulher fatal, opa!].

A quarta faixa do disco, Venus in Furs, é uma das maiores composições (na minha opinião, claro) do tio Lou Reed — que compôs a letra sobre bondage, dominação e sadomasoquismo, baseando-se no livro A Vênus das Peles, de Leopold von Sacher-Masoch. Uma grande ode ao fetichismo.

A próxima música, Run Run Run, deixa a adrenalina correr solta pelas veias, com solos de guitarra embelezando toda a trilha e colocando o ouvinte cada vez mais imerso no álbum. É agitada e completa, eu gosto.

Agora, chegou na minha favorita do disco: All Tomorow’s Parties, que também era a faixa preferida de Andy Warhol. O que chama a atenção é a Ostrich Guitar de John Cale, falando um pouco de como é ser o palhaço triste, fazendo rir todo o público quando não consegue ser feliz fora dos palcos.

O lado B abre com a pesada Heroin, uma canção que não fala nada demais, só uma pessoa narrando sua experiência com a heroína. Na hora em que o eu-lírico injeta a droga, a música acelera e desacelera repetidas vezes (fazendo menção à experiência) até atingir o clímax e, por fim, desacelera — representando a morte do protagonista.

A seguir, vem a faixa There She Goes Again, onde Lou Reed traz um gosto vanguardista de rock de garagem, cantando sobre um homem que foi deixado mais uma vez por sua mulher. Ele canta suas dores dizendo que sim, mais uma vez, ele foi abandonado por ela. Triste.

Chegando nas faixas finais, temos I’ll Be Your Mirror, outra lindíssima canção na voz da Nico. Tem uma pegada folk, é bem delicada, e também é uma ruptura com os temas pesados do resto do álbum. É aquela música que você pode mandar para a sua paquerinha [ou, como falam hoje, seu “crush”, hehehehe].

A décima faixa, The Black Angel Death’s Song (interpretada por Lou Reed e escrita por ele e John Cale), revela o lado experimental da banda. A fantástica guitarra de Cale cria um som agudo causando um desconforto, porém, nada comparado à última canção. Na letra, Reed fala sobre a morte e escolhas pessoais, como somos minúsculos perto de toda grandiosidade que é a morte e como nosso momento na terra é passageiro.

O disco encerra com European Son, a faixa mais longa do álbum, com quase oito minutos. A música utiliza alguns recursos, tais como vidro quebrando e guitarra pesada, como forma de homenagear Delmore Schwartz, escritor, poeta e mentor de Reed, que infelizmente morreu em 1966, enquanto a banda gravava o LP.

E assim, com essa grandiosa e reconhecida obra, numa era onde todos falavam de união, “faça amor, não faça guerra”, o Velvet Underground chegou com seus experimentos, suas letras pesadas e sua criatividade no mundo da música. Mesmo não tendo tanto sucesso comercial na época do seu lançamento, hoje, é considerado um dos discos mais influentes do mundo, sendo também um dos precursores do rock progressivo. Sem sombra de dúvidas, é um dos meus álbuns prediletos! Há quem não goste e torça o nariz, mas reconhece que ele é, e sempre vai ser, um dos melhores discos de rock de todos os tempos.

The Velvet Underground

Álbum

The Velvet Underground & Nico

Lançamento

12 de março de 1967

Integrantes

Lou Reed (vocal e guitarra); John Cale (guitarra, piano e celesta); Sterling Morrison (guitarra, contra-baixo e vocais de apoio); Maureen Tucker (percussão); Nico (vocal).

Faixas

Lado A
1. Sunday Morning – 2:53
2. I’m Waiting for the Man – 4:37
3. Femme Fatale – 2:35
4. Venus in Furs – 5:07
5. Run Run Run – 4:18
6. All Tomorrow’s Parties – 5:55

Lado B
1. Heroin – 7:05
2. There She Goes Again – 2:30
3. I’ll Be Your Mirror – 2:01
4. The Black Angel’s Death Song – 3:10
5. European Son – 7:40

Velvet mostrando em seu clássico de estreia que um clássico nasce um clássico! 🤘
Hannah Rodrigues
Comunicóloga, fã de Tarantino e Aronofsky, meio fissurada por New Wave, degustadora de café e louca pelo Guts. Bad Influencer e membro do Clube dos Minigameiros, numismata e colecionadora de vinis. She is the danger que anda pelo incerto idolatrando a dúvida desde sempre.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Leia Também