Lady Killers | As mulheres mais letais da história

Em 1985, o criminologista Eric Hickey publicou o primeiro artigo, até então, sobre serial killers mulheres. Na época, mal se falava sobre assassinos em série, quem dirá assassinas. Hickey, então, prestou uma consultoria em um caso em que o assassino — que ainda não tinha sido identificado — havia matado oito pessoas no período de dois anos, e todos tinham sido envenenados. Ele disse aos agentes que suspeitava se tratar de uma mulher ter cometido aqueles crimes, e ouviu de volta: “Não existem mulheres assassinas em série”. Esse tipo de pensamento era bem comum naquela época, já que ninguém, especialmente homens, via as mulheres sendo capazes de cometer uma série de assassinatos.

Para quem, assim como eu, tem casos criminais como uma curiosidade ou hobby, e costuma consumir conteúdo de true crime (seja por séries, vídeos no YouTube ou podcasts), com certeza, está mais do que acostumado com uma coisa: a perversidade masculina. Homens que matam por diversos motivos, assassinos que colocaram seu nome na história da pior forma possível e acabaram famosos, como Ted Bundy, Filho de Sam, Jack, o Estripador, dentre outros. Apesar de terem mais mídia, com certeza, eles não têm o monopólio do “assassinato em série”.

E foi por esse motivo que fiquei tão interessada em ter esse livro (na minha opinião, um dos mais bonitos) na minha estante. Lady Killers: Assassinas em Série, da escritora Tori Telfer, chamou minha atenção não só pela capa, mas pela curiosidade de nomes de mulheres desconhecidas que matavam… e porque elas matavam.

Agora, falando sobre a minha experiência pessoal com o livro, começando pelos pontos positivos: a cada página, pude me aprofundar na mente e no modus operandi de várias mulheres cruéis, das quais eu nunca tinha ouvido falar. Logo no início do livro, somos confrontadas com a realidade de que mulheres realmente são capazes de horrores inimagináveis, pois “assassinas em série são mestres do disfarce, elas transitam entre nós por aí como esposas, mães e avós”, lembrem-se disso.

Achei a escrita muito envolvente e fácil de entender, me deixando curiosa para descobrir um pouco mais sobre a próxima assassina a cada capítulo. Também gostei bastante de como a autora apontou a forma sexista que as mulheres são retratadas. “As pessoas têm infinitos truques na manga para minimizar a violência feminina: desumanizam assassinas em série, comparando-as com monstros, vampiras, feiticeiras e animais, erotizam-nas até que pareçam inofensivas”. Pra falar a verdade, eu nunca, nunca tinha pensado por esse lado até ler esse livro, que me lembrou o caso da Elize Matsunaga (que matou e esquartejou o marido em 2012).

Fazendo um breve comentário sobre o documentário Elize Matsunaga: Era Uma Vez um Crime (disponível no catálogo da Netflix), vemos os próprios detetives do caso falando que ela não seria capaz de ter feito tudo sozinha, mesmo sem nenhuma evidência da participação de outra pessoa envolvida na cena do crime além dela — inclusive, fica a dica para quem gosta de documentários do gênero, pois vale a pena.

Já os pontos negativos são poucos. Em algumas passagens do livro, a leitura pode se tornar um pouco arrastada e repetitiva, talvez pelo fato de os casos relatados serem ultrapassados (então, por causa disso, tem muito envenenamento… haja arsênico, bicho!). Ou talvez casos históricos não sejam os meus favoritos e, talvez, eu tivesse me empolgado mais se fossem casos mais atuais.

Ainda assim, Lady Killers: Assassinas em Série é um livro que eu recomendo para as pessoas que tem true crime como hobby, já que existem poucos livros como esse sobre mulheres infames. E ainda acredito que o motivo de não vermos mais casos de assassinas em série nos noticiários, é porque elas não são pegas.

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