Pra quem não sabe, a nova série da Star+ é uma releitura dos acontecimentos de Um Maluco no Pedaço, e sendo bem sincero, estava com expectativas bem baixas por não ser protagonizado pelo ator Will Smith, mas tive que largar as pedras e aceitar o fato de que Bel-Air é simplesmente SENSACIONAL!
Essa versão reinventada, em tons mais obscuros, transforma a série cômica dos anos 90 em um drama. Sim, um drama dos bons, inclusive. Mas nem tudo o que vou falar aqui são flores…
Apesar de Bel-Air seguir um estilo parecido com This is Us (se você gosta, com certeza vai curtir os momentos tensos e dramáticos da trama), o reboot deixa a desejar quando se trata da atuação de alguns dos atores, além de forçar — de maneira não aprofundada — alguns temas. Por outro lado, há atuações que talvez tirem algumas lágrimas de você, da mesma forma que tiraram de mim.
“Essa cidade vai fazer você tentar esquecer quem você é e de onde você veio. Não deixe isso acontecer.” — Jazz
Uma das coisas que mais gostei na série foi de ver como tudo aconteceu de forma realista. A todo momento, eu me lembrava das cenas de Um Maluco no Pedaço.
Bel-Air é uma daquelas séries obrigatórias se você for da comunidade (como dizem na série e nos EUA, se referindo às pessoas pretas). Aqui no Brasil, muita gente acha que o racismo é meio “diferente” do que é visto nos Estados Unidos. As pessoas daqui nos associam ao típico “bandidinho, pobre e favelado”, enquanto nos Estados Unidos é algo bem mais forte, como “só a cor da sua pele te faz pior”. Em Bel-Air, vemos a realidade de todo preto no mundo, a prova de que a sociedade ainda é primitiva por engolir o racismo em todo lugar.
Interessante é lembrar que o racismo é mostrado em Um Maluco no Pedaço, mas, na maioria das vezes, é ofuscado pelo alívio cômico e o tom sempre mais divertido. Já em Bel-Air, vemos o garoto preto de uma cidade pobre, de uma região pobre (Philadelphia), vivendo o que qualquer garoto preto da sua idade vive: o racismo.
Claro que não tem como ser de todo um drama, já que o personagem principal é o icônico Will Smith (interpretado por Jabari Banks) e seu jeito, suas piadas e seu carisma ainda me conquistam. Mas confesso que, em diversos momentos, tive gatilhos com cenas fortes, apesar da série não tratar somente sobre racismo e sim sobre vários assuntos que podem despertar outros gatilhos, como: bullying, preconceito contra a comunidade LGBT, crises de ansiedade e depressão, além de abordar a questão das drogas, romances não correspondidos e etc.
Em resumo, a releitura de The Fresh Prince of Bel-Air é um drama bom que pega em detalhes a sitcom noventista e desenvolve um enredo rico, coerente e único de um jeito inesperado. Se você gosta de um bom drama e uma bela cinematografia, esse é um bom momento para assistir Bel-Air.