Antes de começar a falar sobre o filme com a 8ª maior bilheteria do mundo (pelo título mais do que óbvio, você sabe que estou falando de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa), preciso contar como fui introduzido no Aranhaverso. Então, lá vai…
Como leitor de quadrinhos, não sou alheio à ideia de multiversos. Porém, antes de ler meu primeiro gibi de super-herói — que, por coincidência, foi justamente uma do Homem-Aranha -, eu assisti à temporada completa de uma animação clássica dos anos 90 sobre o cabeça-de-teia, chamada Spider-Man: The Animated Series (título original).
O episódio de encerramento do desenho animado também fala sobre multiverso, e ainda conta com a bela participação de Stan Lee.
Então, lá estava eu com o meu primeiro gibi de super-herói na mão, na expectativa de ver o mesmo Homem-Aranha que vi na TV. Logo na introdução, leio que o Spider-Man que conhecemos não é Peter Parker, e sim um tal de Ben Reilly. Para “simplificar” tudo, Ben Reilly é o Peter Parker original (sim, pasmem!), enquanto Peter Parker — que por anos foi o Homem-Aranha nas telas — não passa de um clone.
Tinha nove anos quando li isso e fiquei um pouco reflitão, mas aceitei de boas e me diverti muito lendo uma das mais infames sagas da história do Miranha nos quadrinhos [a saga do clone é considerada horrível, eu sei… mas guardo boas lembranças dela].
Foi assim que conheci uma das muitas versões do nosso amigão da vizinhança, e não tardou até que eu assistisse a primeira versão cinematográfica do Peter Parker, que também trouxe suas estranhezas, tipo: “Teia orgânica? Como assim?”
Falando sobre multiverso, sempre achei que a DC fosse lançar a braba, pois foi lendo as histórias dela que aprendi sobre esse conceito. Marcou demais, dona DC… mas isso já é assunto para outro post.
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
A essa altura, você já deve saber que Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa é um filmaço! Já pegou spoilers, já brigou por spoilers, talvez tenha até ficado puto por não conseguir ingresso e resolveu esperar na locadora torrent para ver o filme em paz. Acertei?
Pois bem, vou falar tudo sobre o novo longa da Marvel respondendo a três perguntas [porque three is a magic number ♬ hehehehe]:
- Problemas com roteiro? Sim.
- Merece o Oscar? Homem-Aranha no Aranhaverso já ganhou um, então chega, né?
- Eu ligo para os problemas? Não!
Dito isto, vou logo tirar do peito a única coisa de ruim que tenho para falar sobre esse filme: que puta volta a Marvel deu com esse Homem-Aranha, bicho! Ela demorou dois filmes (solos) para entregar um Homem-Aranha mais próximo da essência do personagem.
O que eu quero dizer com isso é: a Marvel demorou DOIS FUCKING FILMES SOLOS para tornar o Homem-Aranha protagonista da sua própria história!
Agora que bati, vou assoprar: foi uma troca equivalente. Se demorou para entregarem o amigão da vizinhança que conhecemos, essa demora foi o preço para vermos na tela o herói interagindo com outros heróis.
O ponto alto do filme, assim como em Aranhaverso, é usar o multiverso para mostrar o herói em outras fases da vida. Cada fase do Homem-Aranha nos cinemas se tornou um pedaço da vida de Peter Parker, ou seja, os três juntos quase formam uma biografia coesa do cabeça-de-teia.
O Homem-Aranha de Tobey Maguire: é o adulto caminhando para a meia-idade. O que enfrentou os dois mais terríveis vilões clássicos, o Duende Verde e o Dr. Octopus.
O Homem-Aranha de Andrew Garfield: é o jovem dando os primeiros passos para a vida adulta. Também é o único Spider-Man que adapta a clássica saga da morte de Gwen Stacy.
Por fim, temos o Homem-Aranha de Tom Holland: um adolescente que, apesar da pouca idade, já foi até o espaço para lutar contra Thanos, além de ser o único que interage com outros super-heróis da Marvel.
Redenção Espetacular
Todas as participações no filme foram excelentes. A participação de Matt Murdock, por exemplo, foi uma surpresa real. Porém, a que mais me surpreendeu (que pegou o papai aqui de jeito) foi o Homem-Aranha de Andrew Garfield — foi a redenção dessa versão do herói, e protagonista de uma das cenas mais emocionantes do filme. Inclusive, deu vontade de ver mais um longa com Garfield no papel [não é à toa que já tem uma petição pedindo uma continuação de Amazing Spider-Man].
É sobre isso, e tá tudo bem…
Antes de entrar no cinema, meu primo de 15 anos me perguntou:
— Qual teu Homem-Aranha favorito?
Eu respondi: — Tobey Maguire.
Ele: — Andrew Garfield.
Tenho certeza de que muitas crianças dessa geração vão lembrar, com muito carinho, do Homem-Aranha encarnado por Tom Holland, e ele será seu Miranha favorito.
Três gerações juntas, vibrando pelo mesmo personagem em suas diferentes versões… é sobre isso que é Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa. E pelos números de bilheteria, muitas outras gerações terão a oportunidade de conhecer esse personagem nos cinemas.
Depois de um ano horrível para a humanidade, foi bom tirar duas horas e meia para apreciar esse delicioso buffet de fan service. E posso dizer que valeu cada minuto.
Texto muito bem escrito! Todas as críticas são extremamente válidas e justas, mas não apagam o brilho que esse filme teve, e o autor da resenha demonstrou isso de forma perfeita!