*AVISO: este texto não contém spoilers e é um exercício particular de que filmes de terror também podem trazer interessantes análises sobre a indústria e sociedade.
A franquia Pânico está de volta! Dessa vez com um quinto capítulo que segue a tradicional metalinguagem dos antecessores, mas elevada a um patamar mais sério, de homenagem e sátira ao fandom na era digital.
Por se tratar de uma franquia slasher que reformulou o gênero nos anos 90, criando uma legião de fãs, Pânico de 2022, ou notoriamente Pânico 5, não poderia soar como sendo mais um filme caça níquel da Hollywood atual e seus remakes/reboots. O peso dessa sequência se torna ainda maior por ser o primeiro filme sem as mãos do seu criador, Wes Craven, falecido em 2015. Como é de se esperar, expectativas foram criadas por parte dos fãs e até mesmo pelos críticos.
A missão de trazer Pânico de volta ficou com a dupla de diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, e também dos roteiristas James Vanderbilt e Guy Busick, todos do filme “O Casamento Sangrento”. O quinto filme traz de volta seu elenco original para passar o bastão para uma nova geração que tem sofrido com os ataques de um novo Ghostface na cidade de Woodsboro.
Okay, e o que esse filme tem de especial afinal? Pânico 5 brinca com as expectativas criadas em torno dele, faz uma aula de filme-legado, homenageia tudo o que foi construído por Craven, mas não deixa de olhar para frente, inclusive, alfinetando seus espectadores e a indústria em que está inserido. Vide as citações aos filmes do chamado Pós-Terror como “Hereditário”, “A Bruxa” e “O Babadook”.
Curiosamente, o longa carrega uma certa semelhança com o também recém lançado “Matrix Ressurections”, trazendo comentários sobre o gênero que se propõe e a cultura pop com seus fãs cheio de alvoroço e pedras na mão.
Aliás, todos os envolvidos na produção de Pânico 5 parecem criticar, mas ao mesmo tempo, inserir-se nessa tal “Geração Z” e seus grupos de discussões. A relação entre os personagens fala por si só.
Vivemos a era do compartilhamento, damos nossa opinião sem medir consequências, quase sempre assegurando que nada vai acontecer com nossos atos, confiando às novas tecnologias toda nossa fragilidade humana (isso inclui desde inseguranças até discursos de ódio). Seria a internet e as novas tecnologias a nossa máscara de Ghostface?
Em resumo, Pânico 5 é um filme simples, com boas homenagens ao seu criador e que não se apega a todas as críticas aqui citadas em si, mas elas estão lá, quase sempre de forma irônica. E isso é legal demais para a franquia.
Parabéns, excelente conteúdo! 👏👏👏👏
Muito bom!!